Redes sociais e privacidade: uma relação conturbada
- PETCom
- 31 de ago. de 2023
- 3 min de leitura
Navegando na era digital, a newsletter do PETCom traz reflexões sobre privacidade, LGPD e vazamentos, expondo os dilemas das redes sociais.

Não é novidade que as mídias sociais são, atualmente, parte fundamental das nossas relações e dos processos de aprendizagem. A internet se tornou um lugar de interação e comunicação que, assim como outras áreas da tecnologia, foi sofrendo mudanças. Supostamente com o objetivo de atender as necessidades dos usuários de forma mais prática e assertiva, as chamadas big techs (a exemplo da Microsoft e da Apple) iniciaram um processo de análise dos comportamentos de indivíduos com perfis em suas páginas, armazenando e filtrando esses dados.
Dado pessoal é qualquer informação que identifique uma pessoa, indo desde sua geolocalização até o tipo de vídeo a que ela gosta de assistir no seu horário de pausa. Referem-se a informações que podem ser usadas para identificar, contactar ou localizar uma única pessoa. São detalhes e informações da vida de uma pessoa.
Por meio dessas informações encontradas na conta de um indivíduo nas redes sociais, é possível descobrir sua rotina, os lugares que frequenta, com quem se relaciona, suas ideias, posicionamentos etc. Algumas dessas informações são públicas, ficam armazenadas na internet e podem ser acessadas por qualquer pessoa ou empresa.
Para detalhar mais sobre o tema, a newsletter desta semana do PETCom traz indicações de debate, reportagem e podcast sobre o tema. Confira a seguir.
Debate no YouTube sobre a LGPD
No dia 18 de agosto de 2023, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) celebrou seus cinco anos de ratificação no Brasil. Desde então, a maneira de se armazenar dados e informações passou por alterações drásticas nos mais variados servidores brasileiros, assim como a forma de acessá-los – esta última parte ainda é bastante ignorada em discussões referentes à legislação.
É fato que a privacidade no espaço online tem sido uma grande ressalva no contexto brasileiro desde os primórdios da internet – e a LGDP é um avanço considerável nos trâmites que envolvem os dados dos usuários e as grandes corporações –, porém vale ressaltar o impacto que a lei desencadeou nos espaços de trabalho de vários profissionais cujos ofícios incluem a dimensão da tecnologia, sobretudo jornalistas, publicitários e comunicólogos de modo geral.
A faculdade carioca Facha, conhecida por promover palestras e debates que tangenciam as áreas da comunicação e do direito, transmitiu uma discussão com tema “LGPD e Comunicação: Jornalismo e Marketing com Privacidade” em dezembro de 2021, levantando questões como a interferência da LGPD no fazer jornalístico e publicitário com o advento de novas tecnologias e o posicionamento das empresas frente às novas formas de armazenar dados.
Episódio do podcast CBN Tecnologia sobre indenização do Facebook por dados vazados
Em julho de 2023, a 29ª Vara Cível de Belo Horizonte, em Minas Gerais, condenou o Facebook, determinando o pagamento de R$20 milhões em indenizações por danos morais aos usuários brasileiros. Estes usuários tiveram seus dados vazados nos anos de 2018 e 2019 após invasões hackers ao sistema de segurança da empresa. As informações pessoais, que foram divulgadas sem consentimento, abrangem desde detalhes como gênero e idioma até localização e cidade natal dos donos das contas atingidas.
Nesse contexto, durante o 51º episódio do podcast “CBN Tecnologia”, Ana Letícia Loubak, jornalista e editora do site Techtudo, abordou a questão da exposição digital de forma objetiva. Ela forneceu uma explicação detalhada para os cidadãos brasileiros que fizeram o uso dos aplicativos Messenger e WhatsApp, ambos pertencentes à Meta, empresa popularmente reconhecida como facebook, nos anos que ocorreram os ataques à privacidade. No episódio, a jornalista delineou o procedimento que deve ser adotado para aqueles que se sentiram prejudicados pelos diversos vazamentos e estão buscando soluções legais.
Reportagem sobre vazamento de dados não públicos no Duolingo
No mês de janeiro de 2023, dados de 2,6 milhões de usuários do Duolingo, site e aplicativo móvel de aprendizado de idiomas, foram vazados e postas a venda em um fórum de hacker chamado Breached. O roubo desses dados ocorreu através de uma interface de programação de aplicativos (API), que funciona como uma espécie de “mensageira” que recebe requisições de um cliente e transmite até um servidor, onde são processadas e devolvidas para serem facilmente lidas por um ser humano. A raspagem de dados permite a criação de perfis unificados que favorecem a aplicação de golpes e fraudes.
Nesse caso, o cruzamento de informações se deu a partir de endereços eletrônicos previamente obtidos em outros vazamentos, e utilizados para confirmar a ligação desses dados com contas na rede social. Em entrevista à The Record, a plataforma de ensino linguístico afirma que foram retiradas informações de perfil público e que a empresa está investigando se outras precauções devem ser tomadas, porém, em nenhum momento foi citado o fato de que e-mails (informações não públicas), foram listadas dentre os dados vazados.
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