Etarismo na indústria do entretenimento: quando a idade deixa de ser só um número
- PETCom
- 5 de out. de 2023
- 4 min de leitura
A newsletter do PETCom aborda o etarismo na indústria do entretenimento, expondo desafios na representação etária e estereótipos

O etarismo é preconceito e o estabelecimento de estereótipos em relação às pessoas com base na sua idade. Esse problema contribui para a segregação e perpetua os padrões sociais estabelecidos. A parcela idosa da população é a que mais sofre com isso, porque normalmente a ideia de possuir mais idade está relacionada a estereótipos negativos, como por exemplo inutilidade, isolamento, etc.
Dados do IBGE de 2000 mostram que existem 14,5 milhões de pessoas (8% da população) com sessenta anos ou mais no país. Em 2010, esses números subiram para 18 milhões, o que corresponde a 12% do total da população brasileira. Os idosos, cada vez mais representativos, estão sob os holofotes do interesse coletivo e, nos últimos anos, observa-se o aumento e surgimento de novas atividades voltadas ao público 60+, de áreas específicas como o letramento digital, que é o caso do “O click ao seu alcance”, programa de integração de pessoas da terceira idade na cidade de São Paulo, a serviços especializados. Em certo sentido, vivemos um período em que as relações estabelecidas com idosos são um tópico de importância crescente.
Como toda desconstrução passa por várias camadas sociais e de representação, se faz necessária uma reinvenção no campo do entretenimento.
Para contribuir com o debate, a newsletter do PETCom desta semana traz algumas indicações sobre o tema. Confira a seguir.
Episódio “Estamos Proibidas de aparentar a idade que temos?” do podcast “Prazer, Renata”
O episódio mediado por Renata Ceribelli conta com a presença das atrizes Bárbara Colen (37) e Elisa Lucinda (65) e da colunista da Vogue Brasil, Adri Coelho (57). As convidadas do podcast compartilharam suas experiências com o etarismo, tanto na vida profissional, sendo recusadas em papéis por conta da idade, quanto em suas vidas pessoais, enfrentando desafios a respeito de seus relacionamentos.
Durante a conversa, as participantes enfatizam o efeito impulsionador das mídias sociais no aumento do preconceito contra o envelhecimento, discutindo como os usuários são cada vez mais influenciados a usarem filtros e realizarem procedimentos estéticos a fim de mascarar a idade. Renata observou que, atualmente, pessoas de trinta anos já enfrentam crises de idade.
Segundo as entrevistadas, o etarismo não está presente apenas nas estruturas sociais, mas também está internalizado no pensamento individual, principalmente entre mulheres. Elas frequentemente estão adaptando seu comportamento para evitar o julgamento alheio. No episódio, as participantes mostram como encaram e vencem diariamente estereótipos geracionais.
Liz Phair e a “idade-limite do pop rock”
Em 2003, a música internacional é marcada por artistas com uma sonoridade meticulosamente alocada entre a música pop, comum a todas as estações de rádio, e o rock, ingrediente indispensável para agregar ardileza ao colorido mundo do pop. Nomes como Avril Lavigne, Evanescence, Linkin Park e P!nk se juntavam ao panteão do consumo no recorte musical da indústria do entretenimento.
Em meio a essa onda estilística, a cantora americana Liz Phair, aos 36 anos, lança seu quarto álbum de estúdio autointitulado, com canções que facilmente integrariam os projetos de qualquer um dos artistas supracitados sem grandes alterações. O lançamento inclui a faixa “Why Can’t I”, conhecida, no Brasil, por integrar a trilha sonora do filme “De Repente 30” (irônico, não é?), como tema do casal protagonista.
O álbum foi injustamente recebido de forma negativa pela maioria da crítica especializada. A revista Pitchfork, por exemplo, conferiu nota 0 ao trabalho, apontando que a intérprete era “velha demais” para canções do tipo. Tal cenário levantou discussões acerca das expectativas irrazoáveis ligadas às mulheres e suas contribuições artísticas para a cena musical, afluindo questionamentos sobre quais tipos de música seriam considerados “apropriados” à interpretação de artistas com mais de 30 anos de idade.
Um senhor estagiário (2015)
O filme “Um senhor estagiário” é considerado um “clássico” sobre a importância da intergeracionalidade e do combate ao preconceito de idade no mercado de trabalho. Na trama, o sempre ótimo Robert De Niro interpreta Ben Whittaker,um viúvo de setenta anos que decide se reinventar e abandonar a vida monótona da aposentadoria. Para isso, ele consegue um estágio em uma bem-sucedida startup de vendas de roupas pela internet, onde vai trabalhar diretamente com a CEO da empresa: a jovem e sempre estressada Jules Ostin, vivida por Anne Hathaway.
Apesar da enorme diferença de idade entre a gestora “millenial” e o estagiário setentão, Ben e Jules acabam formando uma ótima dupla de trabalho. Essa comédia dramática, além de gerar muitas risadas, ilustra muito bem a ideia de que qualquer empresa só tem a ganhar com diferentes gerações atuando juntas, além de expor uma perspectiva humorística e leve sobre a importância da inserção de idosos nos novos tipos de mercado.
Sendo assim, o filme mostra as dificuldades enfrentadas por pessoas idosas na tentativa de fazer parte do mercado de trabalho atual, principalmente nas ações voltadas para a tecnologia. Diante dessa perspectiva, a trajetória do senhor Ben Whittaker explora diversas problemáticas e deixa várias reflexões aos espectadores. Achou interessante? Clica no link abaixo e assista o trailer do filme também!
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