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IX Semana de Publicidade e Propaganda chega ao fim com discussão sobre violência nas redes

  • Foto do escritor: Amanda Andrade
    Amanda Andrade
  • 22 de nov. de 2022
  • 3 min de leitura

Atualizado: 4 de mai. de 2023

A programação desta sexta-feira (4) trouxe as experiências vividas por uma blogueira feminista e um integrante do Movimento Sem Terra com a perseguição nas redes e nas ruas, além da visão técnica de um doutor em Sociologia

Por Amanda Andrade*

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Último dia da SPP "Nas redes e nas ruas" trouxe, da esquerda para a direita, Marcos Paulo Campos, Lola Aronovich e Gene Santos para compor a mesa de encerramento. Imagem: Lóren Caroliny/ PETCom
Chegou ao fim a programação da IX Semana de Publicidade e Propaganda da Universidade Federal do Ceará (UFC). O último dia da SPP pautou a perseguição nas redes sociais, em especial no contexto de campanhas políticas. A mesa, nomeada como “Violência e Perseguição no Período Eleitoral”, foi realizada na sexta-feira, 4 de novembro, no auditório do curso de Geografia, no campus do Pici, com mediação feita por Rosane Nunes, professora de jornalismo da UFC. Os convidados, Lola Aronovich, Gene Santos e Marcos Paulo Campos, trouxeram suas experiências relacionadas às violências nas redes, em perspectivas individuais, grupais e acadêmicas.

A mediadora Rosane Nunes iniciou a programação, ressaltando a importância do tema com o fim de um período eleitoral “violento e assustador”, nas palavras da professora. A discussão, então, começou com Lola Aronovich, professora de Letras da UFC e autora do blog Escreva, Lola, Escreva, um dos maiores blogs feministas do Brasil. Lola criou seu blog em 2008 e, devido ao teor feminista de suas publicações, sofre com perseguições desde 2011. Desde ent
“Eu sempre tento lembrar que não é pessoal. Não sou atacada porque sou a Lola. Eles me atacam por eu ser feminista, por eu ser de esquerda, por não ter medo deles”.
Durante sua fala, Lola citou alguns dos diversos ataques que recebe cotidianamente em seu blog. Ameaças de morte, promessas de tortura, injúrias e até mesmo canibalismo são postados nos comentários do Escreva, Lola, Escreva. Diante desse cenário de assédio, Lola agora tem seu nome usado para denominar a lei nº 13.642 de 2018, que atribui à Polícia Federal a investigação de crimes misóginos na internet.

A continuidade do debate foi realizada por Gene Silva, militante assentado da reforma agrária e membro da Direção Nacional do Movimento Sem Terra, o MST. Gene iniciou ressaltando sobre a importância de se observar qualquer movimento social como um processo da luta de classes, conceito marxista vinculado ao antagonismo entre os donos dos meios e o proletariado.

O integrante do MST também falou sobre o nascimento do projeto, em 1984. “O MST nasce a partir de um processo de violência brutal contra as pessoas pobres desse país. Esse é um ódio de classe”, declarou Gene. “Como o MST nasce de um enfrentamento ao processo capitalista, sofremos com violência desde então”, continuou, ressaltando o medo que alguns integrantes do grupo têm de serem atacados fisicamente devido ao histórico de violência já vivido pelo MST.

Ao falar sobre o terreno político, Gene ressaltou que, após quase 40 anos de história nacional e 33 de história cearense, o MST conquistou 7 deputados federais eleitos pelo Brasil, um acontecimento inédito até então. No Ceará, o movimento elegeu o Missias do MST, pelo PT, mesmo com diversos ataques ao movimento durante o período eleitoral.
“Duas campanhas ao governo do Ceará atacando o MST direito, colocando o MST como bandidos, invasores.”
Gene, no entanto, tem esperanças de que o movimento, que já tem conseguido atrair melhores olhares desde a pandemia, aumente seu nível de força com o governo que tomará posse em 2023 e colocou o MST à disposição para construir lutas juntamente com a universidade pública.

O próximo convidado a tomar a palavra o doutor em Sociologia pelo Institutos de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP-UERJ) e membro do Laboratório de Estudos em Política, Eleições e Mídia da UFC (LEPM/UFC), Marcos Paulo Campos. Marcos Paulo, que também é professor do doutorado em Políticas Públicas da Uece, já participou de vários grupos de discussão política e declarou que, em vários anos de experiência, o tema da violência foi mais debatido nesta eleição presidencial em comparação com as anteriores.

O convidado explicou sobre como a violência é uma expressão das relações de poder e alertou da importância de lembrar a respeito de lideranças sociais do Brasil que lutaram contra estruturas sociais poderosas, que foram distanciadas dos processos de mobilização devido à violência.
“Nossa tarefa, sobretudo nós, que estamos na universidade, estudantes e professores, é um trabalho de desarme.”
O momento seguiu, com perguntas feitas pelos estudantes e professores presentes. Os convidados responderam as dúvidas, complementam pensamentos e interagiram com falas da plateia. A IX Semana de Publicidade e Propaganda da UFC foi, então, encerrada por uma mesa “rica”, de acordo com as palavras da professora Rosane Nunes.

*Amanda Andrade é aluna do curso de Jornalismo da UFC

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